sábado, 30 de agosto de 2008

Cancro do Sistema Nervoso Central

Em Portugal surgem todos os anos cerca de 1500 novos casos.

A maioria dos casos de cancro do sistema nervoso central localiza-se no cérebro. São raras as situações na espinal medula. A maioria são tumores primários, mas também surgem como segundo cancro, ou seja na forma de metástases. Um em cada quatro tumores cerebrais são curáveis. A cirurgia é o tratamento de referência. O convidado deste último programa é o neurocirurgião Lobo Antunes, do Hospital Santa Maria.

Há sintomas que alertam para a presença de um tumor cerebral. Nos adultos os sintomas mais frequentes são: dores que pioram na cama, vómitos e epilepsia súbita. Nas crianças mais velhas, o clássico são os vómitos e dores de cabeça. Nas mais pequenas, como cresce sem dar sintomas, pode estar muito tempo sem se diagnosticar. Às vezes uma criança que não aumenta de peso e não evolui pode despertar suspeitas. Em Portugal, surgem todos os anos 80 a 100 novos casos, com maior incidência entre os 4, 5 anos e também na adolescência. Na maioria dos casos, as crianças ultrapassam a doença, mas o que mais preocupa médicos e pais são as sequelas Como explica Maria João Gil da Costa, pediatra oncológica do Hospital de São João: "há meninos que ficam com baixa visão, problemas motores, dificuldades em andar e também limitações a nivel cognitivo e intelectual. Não é só a doença, mas também a pressão que a criança sofre do diagnóstico até ao tratamento pode influenciar a parte cognitiva". No sistema nervoso central, os doentes e as lesões são todos diferentes e o estado funcional é determinante na eficácia do tratamento. Entre os tumores cerebrais, o glioblastoma multiforme é dos mais agressivos, com uma taxa de mortalidade elevada. "Eu agarrei-me a uma coisa que era ver o meu filho nascer. Vi, estive no nascimento, cortei o cordão umbilical, levei tudo na brincadeira e venci o que queria. Foi só isso." Em 2005, António Oliveira só tinha razões para sorrir. Estava em vésperas de ser pai. E foi isso que lhe deu forças para lutar contra um tumor maligno do cérebro. O diagnóstico não foi uma completa surpresa já que António desconfiava dos sinais constantes de cansaço e de falta de memória. Submeteu-se a uma cirurgia. Três anos depois tem uma cicatriz que todos os dias lhe lembra que é um sobrevivente. Há boas prespectivas para o futuro. A comunidade médica coloca grandes esperanças no desenvolvimento de técnicas que permitam identificar e controlar o tumor sem ser necessário o recurso à cirurgia. Também são esperadas novidades em tratamentos à medida de cada tipo de tumor. A nível de trabalho cientifico, a investigação de translacção é uma gaveta da ciência que permite antecipar como é que o doente vai reagir à terapia, através de estudos moleculares. O conhecimento das alterações genéticas presentes nos tumores cerebrais dá pistas sobre o prognóstico e abre a porta a uma terapia à medida de cada paciente.

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